Sé do Funchal recebe concerto do Festival Internacional de Órgão

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Depois do concerto
inaugural desta sexta-feira do 13.º Festival Internacional de Órgão da Madeira
(FIOM), evento organizado pela Secretaria Regional de Turismo e Cultura,
através da Direção Regional da Cultura, a Sé do Funchal recebe um concerto,
amanhã, sábado, às 21h30, sob o tema “Duruflé, Requiem”.  

O concerto conta com
António Esteireiro, no órgão, a Orquestra Clássica da Madeira com direção de
Martin André, a soprano Carla Moniz e o Collegium Vocale de Lisboa.  

António Esteireiro
explica que “o Requiem de Maurice Duruflé, é uma das obras mais notáveis
da música sacra do século XX. Composto entre 1947 e 1948, reflete a profunda
ligação de Duruflé com a tradição litúrgica, especialmente o canto gregoriano,
e integra influências modernas e o requinte harmónico do impressionismo
francês. Duruflé, um organista e compositor de renome, era conhecido pela sua
mestria na escrita para órgão e pelo seu profundo conhecimento do repertório
litúrgico. O Requiem surge da recuperação dum projeto encetado em 1941 e
foi inicialmente concebido para coro e órgão, mas Duruflé produziu três
versões: uma para coro e órgão, outra para coro, órgão e pequena orquestra, e
uma versão final para coro e grande orquestra. No concerto de hoje, será
executada a versão para coro, órgão e pequena orquestra, escrita em
1961”. 

De acordo com o
organista, “a estrutura do Requiem de Duruflé segue de perto a Missa de Requiem
tradicional da Igreja Católica, composta por nove partes: Introït, Kyrie,
Domine Jesu Christe, Sanctus, Pie Jesu, Agnus Dei, Lux
aeterna, Libera me e In Paradisum. Contudo, Duruflé apresenta
uma abordagem única, fundindo o antigo e o moderno, respeitando a tradição e
inovando na linguagem musical. O Requiem de Duruflé é uma obra que
equilibra a tradição litúrgica com a modernidade, combinando a austeridade do
canto gregoriano com uma linguagem harmónica sofisticada, confirmando Duruflé
como um dos grandes mestres da música sacra do século XX”, acrescenta. 

O organista refere ainda
que “a improvisação organística que precede o Requiem de Maurice Duruflé
será uma extensão natural da obra que se segue. Utilizando um vocabulário
musical semelhante ao que Duruflé emprega no seu Requiem, a improvisação
explorará o mesmo material temático, criando uma introdução que dialoga com as
melodias e harmonias profundamente inspiradas no canto gregoriano. Esta
abordagem pretende preparar o ouvinte para a experiência emocional e espiritual
do Requiem, tecendo uma ligação entre a tradição da improvisação
organística e a obra-prima de Duruflé, num momento único de criação e
evocação.” 

Refira-se ainda que, tal
como tem sido habitual nas anteriores edições do Festival Internacional de
Órgão, artistas participantes no evento – neste caso, os organistas António
Esteireiro (órgão de coro) e Sérgio Silva (órgão), e o Coro de Câmara da Madeira,
dirigido por Zélia Gomes – proporcionam a componente musical da Missa dominical
na Sé do Funchal, no dia 20 de outubro, às 11 horas. 

O 13.º Festival
Internacional de Órgão da Madeira, com direção artística de João Vaz e a
produção do Coro de Câmara da Madeira, vai decorrer até ao próximo dia 27 de
outubro incluindo no programa um total de 11 concertos em 7 igrejas da
Madeira. 

Os concertos, todos com
entrada gratuita, vão ter lugar nos concelhos do Funchal, Ponta do Sol e
Machico, nomeadamente na Igreja de São João Evangelista (Colégio), Sé, Igreja
de São Pedro, Convento de Santa Clara e Igreja de São Martinho no Funchal, Igreja
de Nossa Senhora da Luz (Ponta do Sol) e Igreja de Nossa Senhora da Conceição
(Machico). 

O programa do Festival
pode ser consultado em https://festivaldeorgao.madeira.gov.pt/

Biografias 

António Esteireiro 

Natural de Lisboa,
António Manuel Esteireiro é licenciado em Órgão pela Escola Superior de Música
e Teatro de Munique, e em Música Sacra pela Escola Superior de Música Sacra de
Regensburg (Órgão e Improvisação com Franz Josef Stoiber). Tais estudos só foram
possíveis com o apoio da Diocese de Regensburg e da Fundação Geiselberg de
Munique. Posteriormente frequentou a classe de Órgão de Hans-Ola Ericsson na
Escola Superior de Música de Bremen. Tem realizado concertos tanto como
solista, como integrado em várias formações corais e orquestrais, em vários
países europeus, México e Brasil. Além de convidado regular dos principais
ciclos de concertos e festivais de órgão nacionais, coordenou também os Ciclos
de Concertos de Órgão na Basílica dos Mártires em Lisboa, e a Integral da Obra
para Órgão de Olivier Messiaen, apresentada na Sé Patriarcal de Lisboa, por
ocasião das comemorações do centenário deste compositor. Professor de Órgão nos
Cursos Nacionais de Música Litúrgica organizados pelo Santuário de Fátima em colaboração
com o Secretariado Nacional de Liturgia, é também colaborador regular do
Serviço de Música Sacra da Paróquia de Santa Maria de Belém. No âmbito desta
colaboração assumiu também a programação dos Ciclos de Concertos de Órgão no
Mosteiro dos Jerónimos. Atualmente leciona na Escola Superior de Música de
Lisboa as disciplinas de Órgão e Improvisação.  

Martin André 

Martin André frequentou
a Yehudi Menuhin School (onde estudou piano) e estudou música na Universidade
de Cambridge. Fez a sua estreia profissional dirigindo uma versão de câmara da Aida
para a Ópera Nacional de Gales, onde passou várias temporadas como maestro
residente. Durante este período trabalhou um vasto reportório, dando particular
atenção ao século XIX italiano. Entre 1993 e 1996 foi Diretor Musical da
English Touring Opera, dirigindo óperas tanto em Londres como em digressões por
todo o Reino Unido na Ópera ido. Em 1996 foi galardoado com o Arts Foundation
Conducting Foundation. Martin André é o único maestro que já dirigiu todas as
grandes companhias de ópera britânicas. Desde que deixou o seu cargo na Ópera
Nacional de Gales, tem-se apresentado à frente da Royal Opera House,
Glyndebourne Touring Opera, Ópera da Escócia, Ópera Nacional Inglesa, Opera
North e Ópera da Irlanda do Norte. Em 2000 dirigiu uma produção gravada ao vivo
para a BBC de Londres Le Nozze di Fígaro. Atualmente divide a sua carreira
profissional entre os teatros de ópera e as salas de concerto, dirigindo
reputadas orquestras. A sua carreira internacional inclui compromissos na
África do Sul, Albânia, Alemanha, Austrália, Canadá, Estados Unidos, França,
Holanda, Israel, Itália, Noruega, Nova Zelândia, Portugal, República Checa e
Suíça. 

Orquestra Clássica da
Madeira
 

A Orquestra Clássica da
Madeira, com sessenta anos de existência, uma das mais antigas de Portugal em
atividade, é reconhecida como o “projeto” de eleição para a difusão da música
erudita, para complemento à formação de jovens músicos e para a promoção do
cartaz artístico-cultural da Região. Teve a sua génese na Orquestra de Câmara
da Academia de Música da Madeira, em 1964, criada com finalidade pedagógica
para o Curso Superior de Música. Tem sido distinguida pelas mais altas
entidades, por Sua Excelência o Presidente da República, o Governo Regional da
Madeira, a Assembleia Legislativa da Madeira, a Câmara Municipal do Funchal e,
recentemente, pela Universidade da Madeira. Foi dirigida pelos maestros
titulares Zoltan Santa, Roberto Perez e Rui Massena e por maestros convidados,
nomeadamente, Gunther Arglebe, Silva Pereira, Fernando Eldoro, Merete
Ellegaard, Paul Andreas Mahr, Manuel Ivo Cruz, Miguel Graça Moura, Álvaro
Cassuto, Jaap Schröder, Luis Izquierdo, Joana Carneiro, Cesário Costa, Paolo
Olmi, Jean-Sébastian Béreau, Maurizio Dini Ciacci, Francesco La Vecchia, David
Giménez, Martin André, Jean-Marc Burfin, Philippe Entremont, Maxime Tortelier,
Rui Pinheiro, Pedro Neves, Beatrice Venezi, Ariel Zuchermann, Gianluca
Marcianò, Benoit Fromanger, Ernst Schelle, Evan-Alexis Christ, Stefan Dohr,
José Eduardo Gomes, Nuno Coelho, Albrecht Mayer entre outros; e com ela atuaram
reputados solistas nacionais e internacionais. Gerida pela Associação Notas e
Sinfonias Atlânticas desde 2013, a Orquestra sob a direção artística de
Norberto Gomes abraça um arrojado projeto artístico. 

Carla Moniz  

Natural do Funchal,
Carla Isabel Moniz iniciou os seus estudos musicais no Conservatório – Escola
das Artes da Madeira, na classe de canto de Victor Costa, finalizando o Curso
Geral de Canto. Em paralelo com o canto lírico, finalizou o curso básico de Piano
e estudou Canto Jazz, também no Conservatório, em parceria com o Hot Club de
Portugal. Em 2008, terminou a licenciatura em Canto na Escola Superior de
Música de Lisboa, onde fez parte da classe de Elsa Saque (2005) e Sílvia Mateus
(2006-2008). Foi protagonista em óperas como A flauta mágica e Dido e
Eneias
, em Lisboa, Almada e Açores. Na Madeira tem vindo a realizar um
trabalho ativo como solista, em concertos e festivais, tendo participado também
em concertos como solista com a Orquestra Clássica da Madeira. Em 2014 terminou
o Mestrado em Ensino da Música – Canto e Música de Conjunto, pelo Instituto
Politécnico de Castelo Branco – Escola Superior de Artes Aplicadas, trabalhando
com Elisabete Matos e Dora Rodrigues. Foi, entre 2019 e 2021, solista residente
na companhia de Ópera: Operar.te, onde foi protagonista nas óperas O
barbeiro de Sevilha
e Don Giovanni, em tournée por Portugal.
É professora no Conservatório – Escola Profissional de Artes da Madeira, desde
2001, onde leciona as disciplinas de Voz, Canto e Classe de Conjunto, e onde é
diretora artística do Estúdio de Ópera e Teatro Musical.  

Sérgio Silva 

Mestre em Música pela
Universidade de Évora, Sérgio Silva começou por estudar órgão no Instituto
Gregoriano de Lisboa sob a orientação de João Vaz, na disciplina de órgão e de
António Esteireiro, em acompanhamento e improvisação. Para além dos seus estudos
regulares, teve oportunidade de contactar com diversos organistas de renome
internacional, tais como, José Luis González Uriol, Luigi Ferdinando
Tagliavini, Jan Willem Jansen, Michel Bouvard, Kristian Olesen e Hans-Ola
Ericsson. Como concertista, apresenta-se regularmente, tanto a solo, como
integrado em diversos agrupamentos nacionais de prestígio, tendo atuado em
Portugal, Espanha, Itália, Inglaterra, França, Alemanha e Macau. Enquanto
investigador, tem realizado várias transcrições modernas de música antiga
portuguesa. Atualmente, desempenha as funções de docência de órgão no Instituto
Gregoriano de Lisboa e na Escola de Música Sacra de Lisboa, e é organista
titular da Basílica da Estrela e da Igreja de São Nicolau (Lisboa). Gravou
recentemente um dos volumes da gravação integral das Flores de música de Manuel
Rodrigues Coelho (Resonus). 

Coro de Câmara da
Madeira
 

Foi fundado em 1971 no
seio da antiga Academia de Música e Belas Artes da Madeira pela professora de
canto Rennate von Schenkendorff. Durante os primeiros anos levou a cabo uma
intervenção concertista concentrada na cidade do Funchal apresentando-se periodicamente
em récitas coral-instrumentais. Em 17 de Abril de 1986 constitui-se a
Associação Cultural Coro de Câmara da Madeira, e em 1991 é-lhe atribuído o
estatuto de Instituição de Utilidade Pública. Foi pioneiro na organização de
intercâmbios artísticos entre diversas instituições culturais participando
regularmente em festivais corais, dentro e fora do país, na qualidade de
embaixador da Região. Neste momento apresenta-se a solo e em colaboração
performativa com diversos músicos e agrupamentos distintos interpretando
repertório diversificado, desde árias e partes corais de grandes óperas, a
canções de cariz ligeiro. Participa regularmente nos momentos altos da vida
pública da Região integrando as comemorações oficiais, através de concertos
sacros de grandes obras coral-sinfónicas de compositores clássicos. Conta no
seu currículo com a participação em produções integrais de ópera, opereta e
teatro musical. Desde a sua fundação teve como diretores artísticos residentes:
Rufino da Silva, Amador Cortez, José Pereira Júnior, João Victor Costa,
Agostinho Bettencourt e, neste momento, Zélia Ferreira Gomes. O Coro de Câmara
da Madeira desenvolve também uma importante atividade pedagógica de ensino e
prática do canto coral para jovens e adultos, sejam eles experientes ou
inexperientes. 

Zélia Gomes 

Doutorada em Ciências do
Trabalho, área da Psicologia Social, pela Universidade de Cádiz, Espanha,
Diploma de Estudos Avançados em Ciências do Trabalho, área da Psicologia
Social, pela Universidade de Cádiz, Mestrado em Ensino de Educação Musical no
Ensino Básico, Licenciatura em Administração e Gestão Escolar pelo Instituto
Superior de Ciências Educativas (ISCE) de Odivelas, Profissionalização em
Serviço pela Universidade da Madeira − Centro Integrado de Formação de
Professores, Diplomada com o Curso Superior de Canto e Concerto pelo
Conservatório de Música da Madeira. Entre 2008 e 2011, lecionou a disciplina de
Técnica Vocal na Licenciatura em Educação Musical no Instituto Superior de
Ciências Educativas (ISCE) de Odivelas, A partir de 1990/91 é Professora de
Canto/Canto Coral e Diretora Artística dos Coros Infantil, Juvenil e EVRP na
DSEAM, A partir de 2001 obteve o cargo Diretora Artística do Coro de Câmara da
Madeira, entre 1990 a 2000 foi Diretora Artística do Grupo Coral do Estreito de
Câmara de Lobos, 1998/99 a 2001/02 lecionou a disciplina de Canto no
Conservatório de Música da Madeira − Ensino Artístico (CEPAM) e Diretora
Artística do Coro Juvenil do CEPAM. Tem realizado numerosos concertos
nomeadamente na RAM, Porto Santo, Portugal continental, Espanha e Eslovénia. 

Collegium Vocale de Lisboa

Tendo origem num grupo criado por
alunos do Instituto Gregoriano de Lisboa, como laboratório para a prática da
polifonia vocal, o Collegium Vocale de Lisboa é actualmente formado por cantores
profissionais com grande experiência no campo da música sacra coral e
coral-sinfónica. A direcção do ensemble é assegurada por Pedro
Rodrigues, cuja formação se iniciou no Instituto Gregoriano de Lisboa. Licenciado em Direcção Coral e Formação
Musical pela Escola Superior de Música de Lisboa e foi aluno em Direcção de Orquestra na
Academia Nacional Superior de Orquestra (Orquestra Metropolitana de Lisboa) sob
orientação do maestro Jean-Marc Burfin. É membro fundador e director musical of
Capella de S. Vicente. É também membro do Coro Gulbenkian e do Coro Gregoriano de
Lisboa.

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