Uma crise para uma saída?

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A Madeira vai e quer sair de uma crise
política, desnecessária mas previsível, que, de novidade, apenas tem o facto de
ter ocorrido mais cedo do que se previa, a pretexto, uma vez mais, da existência
de situações que “mancham” a imagem pública de instituições, concretamente
o Governo Regional.

Facto é que a justiça ainda não se pronunciou sobre nada
nem ninguém, ouviu pessoas, não formalizou acusações, constituiu arguidos,
primeiro passo para uma eventual acusação.

A fragilidade da situação política depois
das últimas eleições, a dependência do Governo Regional de fretes políticos de partidos
que vivem à espreita dos escândalos, da mentira, da propaganda falsa, das notícias
inventadas, constituíam os rastilhos para que, mais cedo ou mais tarde, a crise
rebentasse. Para gaudio da esquerda que, a reboque da extrema-direita que tanto
diaboliza, optou pelo oportunismo, risível mas útil, de se colocar a reboque desses
partidos que alegadamente diabolizam.

Destaco o problema da carência da Habitação
que é preciso resolver – as políticas públicas são isso mesmo – por via da
assumpção do compromisso de pugnar pela criação de condições para que comecem a
surgir habitações a preços acessíveis que resolvam as necessidades dos jovens
(e não só), cada vez mais desiludidos e descrentes do que a política e os
partidos lhes podem dar.

Falo também da Saúde, outro tema delicado e
essencial nas nossas vidas, que não pode ser “vítima” de conversas da
treta e de lógicas que não sejam as de existirem as condições, financeiras ou de
recursos humanos e técnicos adequados, para que responda cada vez mais
eficazmente, em todas as frentes, ao que as pessoas desejam. Não se crie a
ilusão de que o novo Hospital será o milagreiro de tudo isto, achando que é
compatível esperar pela sua conclusão e deixar que noutras frentes, a
deterioração dos serviços aconteça, que a falta de medicamentos tenha sempre
uma “justificação”, etc.

Lamento que o combate à abstenção não seja
uma prioridade. Pouco me importam as discussões, sempre falíveis, em torno da
veracidade dos cadernos eleitorais e, por conseguinte, da amplitude da
abstenção. Entendo que os partidos devem apelar ao voto, independentemente de
serem eles, ou não, os beneficiários. Devem fazê-lo todos os dias, em vez de
andarem a “vender” demagogia enganosa e populista ou brincarem com promessas
absurdas e incumpríveis, no quadro de uma descarada caça ao voto que não pode tolerar
que valha tudo.

Fico com a estranha sensação de que há
alguns políticos para quem estas eleições podem ser o fim-de-linha ou
significar a sobrevivência perante a ameaça do fim da carreira política. Isso
condiciona muita coisa desde logo, tolda a racionalidade, limita o espaço de
decisão, acentua a distância entre candidatos e eleitores, tudo isto graças a
uma realidade que coloca os partidos reféns de lógicas e interesses estranhos.
E isso é triste.

Não sei o que vai acontecer a 23 de Março. Mas
entristecer-me-á sim, se depois desse dia, não for encontrada uma solução que
garanta a estabilidade parlamentar e uma solução de governação que, no mínimo,
assegure o cumprimento da Legislatura, sem fragilidades institucionais. Confesso
que tenho dúvidas, devido à fragmentação eleitoral regional que ainda não vai
acabar nestas regionais!

Estamos num tempo de contenção financeira
dos partidos, de bolsos quase vazios – valendo-lhes as subvenções públicas
existentes para estas ocasiões e pouco mais – e de falta de recursos humanos
que impedem que, entidades de alegado interesse público e tidas como essenciais
para a democracia, vão para o terreno ouvir as pessoas, limitando-se antes ao
facilitismo cómodo de emissão de comunicados a pataco, de realização de acções
para aproveitamento do espaço mediático e acreditar – erradamente – que
cartazes e tempos de antena vão mudar o sentido de voto das pessoas. Tenho para
mim, e não abdico dessa opinião, que mais de 75% dos eleitores já sabem como
vão votar e que dificilmente os mais fiéis aos diferentes partidos alterarão a
sua opção.

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