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Jardim sempre ganhou as Regionais com mais de 50% dos votos?

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“Ao contrário deste – Miguel Albuquerque – que já nem a maioria de deputados consegue, o Alberto João [Jardim] sempre ganhou e com maioria de votos”. A afirmação é de eleitor, e foi dirigida e repetida à reportagem do DIÁRIO esta segunda-feira, durante a cobertura de acção de campanha de uma das 14 candidaturas às eleições Regionais antecipadas do próximo domingo.

Terá Alberto João Jardim, o anterior presidente do Governo Regional, ganho as dez eleições Legislativas Regionais na Madeira sempre com maiorias absolutas, não só no número de deputados, mas também no que diz respeito ao número de votos conquistados?

Certo e sabido é que o ex-presidente do PSD Madeira e do Governo Regional conquistou sempre maiorias absolutas de mandatos/deputados e sempre sem ter de recorrer a coligações, na maioria dos casos, com resultados avassaladores. Mas será que o ‘imbatível’ histórico de vitórias nas ‘Regionais’ de Alberto João Jardim correspondeu sempre à conquista de mais de 50% dos votos expressos?

Foi isso que fomos ver. Nas eleições Legislativas Regionais em 1976, também designadas eleições para a Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira, realizadas no início do Verão, a 27 de Junho, resultaram numa vitória concludente do PSD. Os 59,63% dos votos obtidos elegeu 29 dos 41 mandatos então em disputa. Nessas primeiras eleições Regionais do pós 25 de Abril, a abstenção foi de 25,20%, ou seja, dos 143.403 eleitores recenseados votaram 107.265.

Quatro anos depois, a 5 de Outubro de 1980, nova vitória do PSD liderado por Alberto João Jardim. Logrou então conquistar 65,33% dos votos. A maioria absoluta foi ainda mais reforçada no Parlamento Regional, com 35 dos 44 deputados então eleitos. A abstenção nem chegou aos 20%. Foi de 19,15%, ou seja, dos 153.439 eleitores recenseados votaram 124.062.

Nas eleições Regionais de 1984, realizadas a 14 de Outubro, João Jardim e o seu PSD conquistavam o melhor resultado de sempre: 67,65% dos votos, e 80% do hemiciclo (40 deputados social-democratas entre os 50 eleitos). Essas eleições ficaram também marcadas pelo inverter da tendência na abstenção: foi de 28,57%, ou seja, dos 169.419 eleitores recenseados votaram 121.024.

Quatro anos depois, a 9 de Outubro de 1988, nova vitória expressiva do PSD e de Alberto João Jardim: 62,36% dos votos e a conquista de 41 dos 53 mandatos. Então quase um terço dos eleitores não foi votar. A abstenção foi de 32,35%, ou seja, dos 185.340 eleitores recenseados votaram 125.383.

Nas eleições realizadas nos anos 90 o PSD repetiu maiorias (muito) absolutas, mas já abaixo dos 60% de votos.

Nas Regionais de 1992, realizadas a 11 de Outubro, o PSD sempre encabeçado por Alberto João Jardim ganhou com 56,86% dos votos, traduzidos em 39 dos 57 mandatos. A abstenção atingiu então um terço dos inscritos, 33,47%, ou seja, dos 196.589 eleitores recenseados votaram 130.799.

Nas eleições de 1996, novamente em Outubro – dia 13 – o PSD praticamente repetiu o resultado: 56,97% dos votos e 41 deputados eleitos entre os 59 que então compuseram o parlamento. Nessas eleições a abstenção foi de 34,74%, ou seja, dos 208.486 eleitores recenseados votaram 136.050.

Na mudança de século/milénio, a 15 de Outubro do ano 2000, a vitória do PSD foi conquistada com 55,95% dos votos e 41 dos 61 mandatos. A abstenção voltava a ‘ganhar votos’, passando para 38,09%, ou seja, dos 209.541 eleitores recenseados votaram 129.734.

A 17 de Outubro de 2004 realizaram-se novas eleições Regionais, com nova vitória e maioria do PSD, mas a mais escassa em relação à fasquia dos 50%. Obteve então 53,71% dos votos e a conquista de 44 dos 68 lugares na Assembleia Legislativa da Madeira.

A abstenção aproximava-se dos 40%. Foi de 39,53%, ou seja, dos 227.774 eleitores recenseados votaram 137.734.

O aparente declínio do PSD de Alberto João Jardim foi contrariado nas Regionais seguintes, realizadas a 6 de Maio de 2007. Nova vitória esmagadora do PSD com 64,24% dos votos e a eleição de 33 deputados, de um total de 47.

A abstenção recuou ligeiramente, tendo sido de 39,25%, ou seja, dos 231.606 eleitores recenseados votaram 140.697.

Quatro anos depois, a 9 de Outubro de 2011, Alberto João Jardim candidatou-se e foi ‘eleito’ presidente do Governo Regional pela última vez, após três décadas e meia de hegemonia. Conquistou nova vitória com maioria absoluta, mas pela primeira vez o resultado do sufrágio ficou abaixo dos 50% para o PSD. Ganhou com 48,57% dos votos, traduzidos em 25 dos 47 deputados eleitos.

Pela primeira vez nas Regionais a abstenção superava os 40%, ao atingir 42,62%, ou seja, dos 256.755 eleitores recenseados votaram 147.337.

A partir das Regionais de 2015, o cabeça-de-lista do PSD passou a ser Miguel Albuquerque.

Nas quatro eleições Regionais que já disputou – 2015, 2019, 2023 e 2024 – ganhou sempre, mas só por uma vez, em 2015, com maioria absoluta (24 deputados eleitos) e nunca logrou conquistar resultado que superasse o mínimo histórico do seu antecessor, Alberto João Jardim (48,57%).

“Ao contrário deste – Miguel Albuquerque – que já nem a maioria de deputados consegue, o Alberto João [Jardim] sempre ganhou e com maioria de votos”, comentário de cidadão eleitor.

Orlando Drumond

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