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https://static-storage.dnoticias.pt/www-assets.dnoticias.pt/images/configuration/MD/WhatsApp_Image_2025-03-17_at_09.41.11_fYZC9Gx.JPEGO tempo chuvoso e ventoso dos últimos dias tem provocado um
conjunto de contratempos, um pouco por toda a ilha da Madeira. Uma das
consequências tem sido a queda de pedras, de grande, pequena ou média dimensão,
em escarpas, paredes, para terrenos mas também para veredas e estradas. Um
desses casos aconteceu na manhã desta segunda-feira, no Porto Moniz, na zona do
miradouro, na estrada que liga o centro da vila à Santa.
A notícia dessa derrocada, que provocou ferimentos numa mulher
e danificou muito um automóvel, mereceu um conjunto de reações dos leitores,
nas redes sociais do DIÁRIO, nomeadamente no Facebook, onde foi aproveitado o
ensejo para lançar críticas e atribuir responsabilidades políticas.
Em vários comentários é discutida a responsabilidade pelo
acontecido e, num deles, é dito que se trata de uma situação recorrente,
depreendendo-se que isso é afirmado como sinónimo do agravamento de eventuais
responsabilidades. Vários comentários sugerem que a situação é geral a todo o
arquipélago. Será mesmo assim?
Para verificarmos se, de facto, é comum haver derrocadas em
locais de passagem de pessoas, tanto a pé como de carro, vamo-nos socorrer de
notícias concretas dos últimos dois anos, nas edições em papel do DIÁRIO, e de
uma busca rápida ao arquivo do DIÁRIO e do JM à expressão “queda de pedras”,
nos últimos dez anos. Veremos também o que dizem alguns estudos.
A pesquisa ao arquivo do DIÁRIO permitiu identificar 22
notícias, nos últimos dois anos, em que foram referidas quedas de pedras para
veredas e estradas, que condicionaram ou bloquearam a passagem, tendo mesmo
havido uma morte numa vereda.
Mas quisemos realizar uma busca mais alargada. Então,
procurámos nas edições em papel do DIÁRIO e do JM a expressão “queda de pedras”,
nos últimos dez anos completos: 2006 até à actualidade.
Nessa procura identificámos 515 resultados, o que nos remete
para uma média de 51 notícias anuais, mas devemos considerar que algumas se reportam
ao mesmo acontecimento, publicado no DIÁRIO e no JM. Centremo-nos, então, em
apenas um dele, aquele que mais vezes escreveu a expressão “queda de pedras”
nas notícias em papel. Foi no Diário, o que aconteceu por 312 vezes.
Neste caso, temos uma média mensal de 31 notícias anuais, o
que remete para perto de três notícias por mês, um mero indicador, pois as
quedas de pedras/derrocadas acontecem em maior número durante os meses de
Inverno.
Como referido, também recorremos a alguns estudos, nas
partes em que abordam a precipitação de materiais na Madeira. Um deles foi a dissertação
de mestrado do Cláudia Caetano, com o tema ‘Avaliação do risco de aluviões das
ribeiras da ilha da Madeira’, apresentado em 2014 no Instituto Superior Técnico
– IST. São numerosos os exemplos de derrocadas e de quedas de blocos rochosos
associados a chuvas intensas.
Também consultámos a dissertação de mestrado de Sílvia
Sepúlveda – ‘Avaliação da Precipitação Extrema na Ilha da Madeira’ –
apresentada também no IST, em 2011, havendo conclusões semelhantes.
Um dos documentos consultados foi ‘Estudos de caracterização
e diagnóstico prospectivo da situação existente’ da autoria da Norvia, com data
de 2017, integrado nos trabalhos de preparação da revisão do PDM do Funchal.
Nas ameaças é dito: “Existência de riscos de derrocadas, que embora sendo na
maioria dos casos de origem natural, são muitas vezes induzidos e acelerados
pela acção do homem, devido ao deficiente uso do solo.”
Um estudo da Associação Insular de Geografia sobre ‘Riscos e
Catástrofes Naturais – Prevenir hoje para salvar amanhã’ identifica, entre
vários outros, como riscos desabamentos, derrocadas e quedas de blocos. “Estes
movimentos caracterizam-se por um brusco desprendimento, muitas vezes devido a
fracturas e diáclases que deixam em desequilíbrio estruturas rochosas coesas.”
São apontadas como principais causas: “Forte declive e efeito da gravidade; erosão
por efeito da água, vento ou do mar; efeito do crescimento de raízes; acção da
água infiltrada nas diáclases ou fissuras (principalmente em acção de
gelo/degelo nas áreas montanhosas.”
Como se pode constatar, na Madeira, os desabamentos,
derrocadas e queda de blocos são em teoria muito prováveis, pelas características
da ilha. Também estão historicamente bastante documentadas, nomeadamente em
estudos académicos, e têm profusa divulgação na comunicação social, tanto quando
os casos são mais complexos, como nos mais simples e quase ou até mesmo
inconsequentes.
Certo é que a queda de pedras (aqui simplificando e
generalizando os fenómenos descritos) é natural e frequentes em toda a ilha da
Madeira. Por isso, avaliamos como verdadeiras as afirmações dos leitores quando
fazem comentários nesse sentido.
Queda de pedras foi “numa área onde é normal acontecer este tipo de situações” – C. Martins no Facebook
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