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Falta de medicamentos na Madeira é reflexo de uma crise global

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O Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Hélder Mota Filipe, esclarece que a falta de medicamentos não é um problema exclusivo na Madeira, embora reconheça que a Região enfrenta desafios adicionais devido à sua localização e à logística no transporte.

“A Região tem as particularidades de ser um território mais insular e, portanto, a situação agrava-se”, afirmou, ressalvando que se trata de uma crise de carácter global, que é influenciada por factores internacionais, como a escassez de matérias-primas e a quantidade de medicamentos fabricados que chegam à Europa.

 Além disso, Hélder Mota Filipe também apontou problemas internos relacionados à política de preços, que tornam os medicamentos mais baratos, mas menos atractivos para as indústrias farmacêuticas. “A indústria acaba por retirar esses medicamentos do mercado, e não há mecanismos para evitar isso”, explicou à margem da tomada de posse da nova
representante dos farmacêuticos na Região .

No entanto, o Bastonário sublinhou a capacidade de organização dos distribuidores na Madeira e o esforço dos farmacêuticos comunitários que têm feito stocks maiores para mitigar a escassez. “Graças a esses esforços, o problema não é maior”, frisou.

Ainda assim, a falta de medicamentos oncológicos, particularmente em hospitais da Madeira, tem sido uma questão persistente. Questionado sobre a possibilidade de falhas de planeamento, o Bastonário negou, afirmando que o planeamento depende da gestão de stocks de cada instituição. “As falhas acontecem não só no hospital de Funchal, mas também nos IPOs de Lisboa, Porto e Coimbra, e em grandes hospitais do continente”, revelou, destacando novamente que essas falhas são nacionais e afectam medicamentos antigos.

“Muitas vezes a indústria perde parte do interesse nos medicamentos mais antigos, embora eles continuem a ser muito importantes do ponto vista terapêutico e desvie para a inovação, para medicamentos mais novos e também com um preço mais elevado. E este equilíbrio tem que ser gerido com muito cuidado a nível internacional, porque os protocolos de tratamento em oncologia são os mesmos em Portugal e na Europa. Portanto, todos necessitam dos mesmos medicamentos”, finalizou.

Carolina Rodrigues

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