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Saúde precisa de “planeamento” a “médio e longo prazo”

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O presidente do Conselho Regional
Sul da Ordem dos Médicos não tem dúvidas de que a Saúde precisa de um “planeamento”
mais adequado aos desafios que hoje se colocam ao sector, que se enquadre no “médio
e longo prazo”, incluindo nas soluções tanto o sector público como o privado.

“Há uma intervenção política
talvez maior do que aquela que deveria existir”, constatou, falando em
discrepâncias entre aquela que tem sido a aposta no sector público e a
capacidade de resposta do mesmo. “Há um claro subfinanciamento, crónico, que
nos últimos anos se tem agravado”, notou.

Paulo Simões está de visita à
Madeira onde, mais logo, participa na cerimónia de boas-vindas aos médicos internos
da Região, mas, no início da tarde desta sexta-feira encontrou-se com alguns
médicos do Serviço Regional de Saúde (SESARAM) para dar conta dos resultados do
estudo ‘O médico do futuro – cenários para 2040’.

Numa leitura global, o médico cirurgião
dá conta de “um desnorte”, no que às decisões políticas diz respeito.  O dirigente da Ordem dos Médicos coloca as grandes
preocupações da classe, sobretudo dos profissionais mais jovens, cujas ideias e
opiniões foram tidas em conta no estudo em causa, entre a sustentabilidade do
sistema público e de que forma é que esse sistema poderá dar resposta a uma
geração mais idosa.

Paulo Simões fala na necessidade
de ser criada uma “resposta transversal” que permita dar resposta a todas essas
situações, impondo-se, por isso, uma programação imediata do que poderá ser a
pressão sentida tanto agora, como daqui a 15 ou 20 anos. E nessa pressão não
deixa de notar a questão social, que como nota, poderá condicionar o desempenho
da saúde, algo que tem sido apontado, nos últimos meses, na Madeira.

“Não vejo uma resposta da parte
dos políticos, nem da própria estrutura que capacite para essa resposta”, sustentava
o médico, que dava conta de equipas cada vez mais reduzidas, dando exemplos,
sobretudo da região Sul do País. “Há serviços que têm um terço do número de
médicos que deveriam ter”, constatando que a sobrecarga leva à saída de
profissionais do público para o privado, ficando o utente prejudicado.

Neste cenário, o presidente do Conselho
Regional Sul da Ordem dos Médicos reforça o papel da política na definição do
acesso aos cursos de medicina e ao número de vagas, aspectos onde, salientou, a
Ordem não tem intervenção. O financiamento – ou a falta dele – nas suas diferentes
valências, não foi esquecido.

Do levantamento feito pela Conselho
Regional Sul da Ordem dos Médicos junto de jovens clínicos que, em 2040 ainda
estarão no activo, resultou uma perspectiva tripartida quanto ao futuro destes profissionais
e da medicina, onde cada cenário traça um caminho distinto. ‘Admirável novo
médico’, ‘distopia das bananas’ ou ‘tudo ou nada’ antevêem médicos distintos e
uma medicina a várias velocidades daqui a pouco mais de 15 anos.

O objectivo desta abordagem
passa, sobretudo, como salientou Paulo Simões, por conceder ferramentas de
acção para os diferentes actores sociais, dos políticos, aos gestores, dos
médicos aos cidadãos, procurando sempre uma medicina mais próxima do ideal do
que ao contrário, antecipando desafios.

Os médicos presentes na sessão
que decorreu na Sala de Conferências do Hospital Dr. Nélio Mendonça puderam apresentar
as suas preocupações, mostrar as suas aspirações e, acima de tudo, trocar ideias
entre profissionais de diferentes gerações.

Os mais novos deixaram clara a
valorização dada ao seu bem-estar e à sua vida pessoal e social, apontando-a como
um argumento para um bom desempenho profissional. Além disso, embora se assumam como utilizadores da inteligência artificial, mostraram grande necessidade de valirização da componente humana em medicina. Houve mesmo quem pedisse uma maior atenção aos cuidados prestados à 4.ª idade. 

Marco Livramento

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Marco Livramento

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