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Impõe-se “levantamento muito objectivo” das necessidades do novo hospital

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O presidente do Conselho Médico da
Região Autónoma da Madeira da Ordem dos Médicos voltou, esta sexta-feira, a
reconhecer a falta de médicos que a Região tem em algumas especialidades,
colocando, à cabeça, a Radiologia, a Gastroenterologia, a Pedopsiquiatria ou a Neurocirurgia,
todas elas com falta de médicos em todo o País.  

Foi à margem de um encontro do
médicos do Serviço Regional de Saúde (SESARAM), que aconteceu no início da tarde
desta sexta-feira e que contou com a presença do presidente do Conselho
Regional Sul da Ordem dos Médicos, Paulo Simões, que Gil Bebiano, de olhos já
postos no novo Hospital Central e Universitário da Madeira, falou da
necessidade de se avançar, no imediato, para um “levantamento muito objectivo”
das carências que a Madeira vai ter com a entrada funcionamento dessa nova
unidade de saúde.

“Já se devia estar a fazer um
levantamento muito objectivo, para já das pessoas que se vão reforçar daqui até
ao hospital abrir, que são cerca de 10 a 15% dos actuais profissionais; saber
quais são as áreas mais carenciadas e trabalhá-las com convites direccionados”,
apontou. “Não é esperar que o concurso traga alguém para aqui, é contactar”,
salientou de seguida.

“Soube que há dois ou três profissionais
desta área que não estão satisfeitos no sítio tal, devo contactá-los e fazer
contratos aliciantes, em todos os aspectos”, embora reconheça os limites
existentes. Pede, por isso, um redimensionar dessa abordagem.

Sobre esse levantamento propriamente
dito, Gil Bebiano defende que a sua realização deve ser colectiva. “Os médicos
podem contribuir, a Secretaria [Regional de Saúde e Protecção Civil] tem de ter iniciativas e nós [Ordem dos Médicos]
cá estaremos para interligar estas coisas”, disse, salientando a sua postura de
“crítico construtivo”, alertando para o que deve e pode ser melhorado, tornado a
gestão “mais hábil, mais eficaz, mais favorável ao doente”.

O representante máximo da Ordem dos Médicos na Madeira mostrou-se,
também, preocupado com o facto de cerca de 30% das vagas regionais dos dois últimos
concursos para a especialidade terem ficado por preencher. Pede, por isso, uma
postura mais pro-activa de quem tem poder de decisão na área da saúde na Região.
“Há muito trabalho a fazer”, apontou, não deixando de notar a diferenciação “pela
positiva” da Madeira em relação ao continente no que toca às condições de trabalho
oferecidas.

No seu entender, o “trabalho de
aliciamento” dos médicos mais novos para se fixarem na Região tem de ser melhor
concretizado, fazendo valer não apenas as mais-valias financeiras, mas também os
benefícios do novo hospital que está a ser contruído, bem como a capacidade
formativa e académica a ele associada.

Para Gil Bebiano, esses factores
devem ser vistos como decisivos no momento de um jovem médico escolher o local onde
vai fazer carreira. “É uma questão a trabalhar”, lembrando as “benesses sociais”
que eram concedidas no tempo em que resolveu escolher a Madeira para se fixar. “É
preciso dar a conhecer o que temos”, defende o responsável máximo da Ordem dos
Médicos na Região, “algo que às vezes não se faz”.

“Eu sou do tempo, e não tem
muitos anos, que o poder político hostilizava a Universidade da Madeira. Aliás,
criou-se um fundo de captação de investigação científica à parte, para espoliar
essa universidade. Isto tem uns 10 anos. Não há, ainda, uma interdigitação. E fiquei
satisfeito quando vi que o novo hospital se irá chamar Hospital Central e
Universitário”, apontou o médico, notando ser esse um argumento importante para
captação de novos profissionais.

Sobre a relação público-privado,
Gil Bebiano salienta que a mesma não deve ser olhada com desconfiança. Antes defende
a necessidade de uma complementaridade entre ambas. “O público e o privado
deixaram, há muito tempo, de ser vectores antagónicos. São vectores de
interajuda. E ao Estado compete fornecer, no máximo, como está na Constituição,
a saúde tendencialmente gratuita. E depois ser inteligente o suficiente para
pagar a privados com custos reduzidos”, refere.

Nesse sentido, aponta como “possível,
na grande maioria das prestações de serviços, designadamente cirúrgicas, que o
Estado vá buscar prestações de serviços nos privados com custos mais reduzidos do
que na sua instituição”. Ora, para o médico neurocirurgião, “o antagonismo
entre estas duas vertentes da saúde deixa de existir. É um negócio que tem de
ser gerido da melhor forma e a preceito dos dois. E sempre com o objectivo de
melhor servir o doente. Custa-me, não me dá prazer algum dizer que o Estado vai
fazer tudo e, depois, tenho listas enormes de espera para resolver, quando
poderia fazer parcerias com os privados”.

O Conselho Médico da Região da
Ordem dos Médicos dá, esta tarde, as boas-vindas aos jovens internos que
escolheram a Madeira e o Serviço de Saúde da Região para dar seguimento à sua
formação, quer de âmbito geral, quer de especialidade. O presidente do Conselho
Regional Sul da Ordem dos Médicos, Paulo Simões deslocou-se à Madeira para
participar nessa cerimónia, agendada que está para as 19 horas, na sede daquela
instituição, no Funchal.

Marco Livramento

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Marco Livramento

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